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quinta-feira, 24 de julho de 2008

Henri Matisse (1869-1954)















Aos 19 anos de idade, estudante de Direito em Paris, Henri Matisse dividia seu tempo entre o trabalho vespertino de escriturário em uma firma de advocacia e, pela manhã, as aulas em uma escola de desenho. Foi quando uma crise de apendicite o deixou um longo tempo preso à cama e assim, afastado do trabalho burocrático, começou a se dedicar com mais afinco à pintura. "Antes, o cotidiano me aborrecia. Ao pintar, passei a sentir-me gloriosamente livre e tranqüilo", ele dizia.

Henri Emile Bernoit Matisse nasceu no último dia do ano de 1869, em Le Cateau, no norte da França. Era filho de um farmacêutico e comerciante de grãos, que sonhava em fazer do filho um próspero advogado. Contudo, Matisse preferiu abandonar a carreira jurídica e dedicar-se integralmente à pintura. Enquanto freqüentava como ouvinte a Escola de Belas-Artes, em Paris, ia ao Louvre para copiar os quadros de grandes mestres ali expostos.

No começo, tudo parecia ir bem. Matisse teve quatro obras expostas no Salão da Sociedade Nacional de Belas Artes e foi convidado para ser membro associado da entidade. Contudo, seu flerte inicial com a estética impressionista contrariou as expectativas da parcela mais conservadora da crítica e ele passou a encontrar dificuldades em divulgar seu trabalho.

A situação se radicalizou quando participou do célebre Salão de Outono de 1905, em Paris, ao lado de Albert Marquet, Maurice Vlaminck e André Derain, que rejeitavam a paleta suave dos impressionistas e aderiram às cores fortes e aos traços expressivos, próximos aos de Vincent van Gogh e Paul Gauguin. A crítica detestou e reagiu com violência.

Matisse e seus colegas foram então chamados de "fauves", numa livre tradução, "bestas selvagens". Daí surgiu o termo "fauvismo", utilizado inicialmente de forma pejorativa, para definir o movimento, de duração efêmera.

Porém, o escândalo e a controvérsia ajudaram a divulgar o nome de Matisse e a aproximá-lo de marchands mais esclarecidos e das vanguardas estéticas de seu tempo. O artista passou a vender um quadro atrás do outro e a fazer viagens pela Europa, África e Ásia, onde manteve contato com novas influências que se refletiram em seu trabalho, desde a tapeçaria oriental aos arabescos da arte islâmica.

Mas foi na luminosa cidade de Nice, na Riviera Francesa, com suas construções brancas e o mar azul do Mediterrâneo ao fundo, que Henri Matisse encontrou seu principal refúgio. Distanciado cada vez mais dos arroubos fauvistas, o artista buscava a harmonia e a paz de espírito. "Sonho com uma arte do equilíbrio, pureza e serenidade, isenta de temas inquietantes e perturbadores", dizia. "Quero que minha arte seja como uma boa poltrona em que se descansa o corpo cansado".

Em 1941, combalido por um câncer no intestino, Matisse foi submetido a duas cirurgias, que lhe tolheram os movimentos e o deixaram em uma cadeira de rodas. Foi nesse período que passou a trabalhar mais intensamente com uma técnica que desenvolvera desde 1937: a aplicação de tinta em papel recortado, os famosos gouaches découpées, que serviriam para ilustrar seu livro Jazz, de 1947. As fotos desta época mostram Matisse em seu quarto de hotel, com tesoura na mão e pilhas de papel colorido no chão.

Cada vez mais recluso, cercado de plantas e de pássaros que criava livremente no quarto, Henri Matisse viveu até 1954. Seu último trabalho foi o projeto de decoração de uma pequena capela na cidade montanhesa de Vence. Para a construção, despojada e banhada de sol, desenhou vitrais azulados e murais com finos traços negros sobre azulejos brancos. Considerava ter atingido ali a plenitude da simplicidade, sua obra-prima.



Henri-Emile-Benoît Matisse was born on December 31, 1869, in Le Cateau–Cambrésis, France. He grew up at Bohain-en-Vermandois and studied law in Paris from 1887 to 1888. By 1891, he had abandoned law and started to paint. In Paris, Matisse studied art briefly at the Académie Julian and then at the Ecole des Beaux-Arts with Gustave Moreau. In 1901, Matisse exhibited at the Salon des Indépendants in Paris and met another future leader of the Fauve movement, Maurice de Vlaminck. His first solo show took place at the Galerie Vollard in 1904. Both Leo and Gertrude Stein, as well as Etta and Claribel Cone, began to collect Matisse’s work at that time. Like many avant-garde artists in Paris, Matisse was receptive to a broad range of influences. He was one of the first painters to take an interest in “primitive” art. Matisse abandoned the palette of the Impressionists and established his characteristic style, with its flat, brilliant color and fluid line. His subjects were primarily women, interiors, and still lifes. In 1913, his work was included in the Armory Show in New York. By 1923, two Russians, Sergei Shchukin and Ivan Morosov, had purchased nearly 50 of his paintings. From the early 1920s until 1939, Matisse divided his time primarily between the South of France and Paris. During this period, he worked on paintings, sculptures, lithographs, and etchings, as well as on murals for the Barnes Foundation, Merion, Pennsylvania, designs for tapestries, and set and costume designs for Léonide Massine’s ballet Rouge et noir. While recuperating from two major operations in 1941 and 1942, Matisse concentrated on a technique he had devised earlier: papiers découpés (paper cutouts). Jazz, written and illustrated by Matisse, was published in 1947; the plates are stencil reproductions of paper cutouts. In 1948, he began the design for the decoration of Chapelle du Rosaire at Vence, which was completed and consecrated in 1951. The same year, a major retrospective of his work was presented at the Museum of Modern Art, New York, and then traveled to Cleveland, Chicago, and San Francisco. In 1952, the Musée Matisse was inaugurated at the artist’s birthplace of Le Cateau–Cambrésis. Matisse continued to make large paper cutouts, the last of which was a design for the rose window at Union Church of Pocantico Hills, New York. He died on November 3, 1954, in Nice.



MATISSE E O FAUVISMO

O Fauvismo (feras selvagens) foi um movimento de curta duração, na passagem do Século 19 para o Século 20 e teve como líder incontestável Henri Matisse, contando também com a participação de outros grandes artistas, entre eles, André Derain, Maurice de Vlaminck, Raoul Dufy, Georges Braque, Henri Manguin, Albert Marquet, Jean Puy, Emile Othon Friesz.

Partindo do colorido vibrante e agressivo de Van Gogh e Gauguin (pós impressionistas), os fauvistas rejeitaram não só o império da forma, ditado pela academia, como também o conceito de luminosidade dos impressionistas, passando a usar a cor como fator primordial da pintura e levando-a às últimas conseqüências, resultando daí quadros tão bonitos quanto artificiais.

O fauvismo foi se esvaziando e perdendo sua força na medida em que seus precursores amadureceram e evoluiram para outros estilos, dentre os muitos que proliferaram na primeira metade do Século 20. Na Europa, Matisse tornou-se o símbolo máximo do fauvismo. No Brasil, um dos seus grandes expoentes foi o pintor mineiro Inimá de Paula. (Paulo Victorino - Pitoresco)

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