Então

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

AMOR,TRAIÇÃO, POLÍTICA, DINHEIRO, CORRUPÇÃO – Essa é a Vida!


foto Tuka Scaletti

Como é Bela a Humanidade!
Theófilo Silva

A frase acima pertence a Shakespeare e é dita pela boca de Miranda, uma jovem de apenas 15 anos. Miranda não conhece o mundo, seu pai, Próspero, outrora um rei, foi desterrado para uma ilha isolada quando ela tinha dois anos e ela pouco se lembra do passado. Próspero é agora um mágico poderoso e decidiu que está na hora de Miranda conhecer o mundo. Assim, ele faz um navio naufragar na praia com um grupo de pessoas oriundas de sua antiga cidade.
E o primeiro náufrago que Miranda contempla é o jovem Fernando, por quem ela se apaixonará. Vendo o resto do grupo, Miranda suspira e diz: “Oh! Maravilha! Quantas criaturas adoráveis estão aqui! Como é bela a humanidade! Oh! Admirável mundo novo em que vivem tais pessoas”. É Shakespeare celebrando o homem, esse ser de quem ele tanto falou em suas obras. A Tempestade, peça que contém essa célebre sentença, tão citada ao longo do tempo, é seu íntimo adeus ao Teatro e ao mundo.
Homens e mulheres, sonhando, amando, sorrindo, trabalhando, construindo, reinando, rezando, mentindo, traindo, destruindo, roubando, matando, enfim vivendo. Esse é o universo de Shakespeare! Ele pôs mais de mil tipos em cima do palco, fazendo com que cada um deles representasse um papel, um papel que é o mesmo de cada um de nós. Pois ele afirmou que “a função da arte é oferecer um espelho à natureza”. E ninguém, melhor do que ele refletiu em suas obras nossas naturezas tão imperfeitas. Shakespeare nos ofereceu um espelho para que pudéssemos ler-nos e entreouvir-nos
E ele sempre soube o que é o Bem e o que é o Mal, mostrando o quanto esses dois afetos podem se confundir, mas nunca se esqueceu da importância de se fazer Justiça. Nunca permitiu que seus personagens deixassem de pagar por seus erros. Os criminosos foram punidos pela justiça dos homens ou pela justiça dos céus. Alguma espécie de prestação de contas os transgressores tiveram que prestar.
Mesmo que a cúpula ecológica não tenha avançado; ainda que Gilmar I tenha concedido “habeas corpus” a um estuprador; ainda que Sarney continue presidente do Congresso e Arruda Governador de Brasília; com toda pilantragem da política… Chegamos ao salário mínimo de 300 dólares; a reforma do sistema de saúde americano; a Copa do mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016. Temos mais de dois bilhões de crianças sorrindo e de adultos trabalhando. A humanidade avança. A injustiça campeia, o sofrimento existe, mas o número de pessoas felizes é muito maior. Vale a pena viver!
Quando Shakespeare escreveu A Tempestade, em 1611, o admirável mundo novo, a América, o nosso continente desconhecido, se apresentava para a Europa. Hoje, metade da América é admirada pelo mundo e a outra metade patina. Algumas luzes já assomam no horizonte. Chegou a hora de levantar do berço esplêndido.
Somos todos iguais! Não posso deixar de citar o príncipe dinamarquês em sua exaltação a nós, seres humanos: “Que obra prima é o homem! Como é nobre pela razão! Como é infinito em faculdades! Em forma e movimentos, como é expressivo e maravilhoso! Nas ações como se parece com um anjo! Na inteligência, como se parece com um deus! A maravilha do mundo! Paradigma dos animais”!
Começa um novo ano e é assim que devemos nos ver, como uma obra prima!

Theófilo Silva é autor do livro, A Paixão Segundo Shakespeare .

FONTE : Do blog — Washington Barbosa 31/12/2009

Nenhum comentário: