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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Palecete e prédio modernista interligados por cobertura vão abrigar museu


Solução encontrada pelos arquitetos Thiago Bernardes e Paulo Jacobsen foi 'tirar um pedacinho do mar e colocar lá em cima'


RIO - A solução encontrada pelos arquitetos Thiago Bernardes e Paulo Jacobsen para unir um palacete de 1916 ao prédio modernista vizinho foi "tirar um pedacinho do mar e colocar lá em cima". Essa é a definição de Jacobsen para a cobertura "fluida" projetada para interligar os dois prédios, de estilos completamente distintos.

Unidos, eles vão abrigar o Museu de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá, zona portuária. A inauguração está prevista para o fim de 2011.

"Foi uma espécie de charada. A gente precisou queimar a mufa para fazer uma coisa que unisse e não fosse completamente absurda. A sensação é a de um tapete voador, uma nuvem, um pedacinho do mar", diz o arquiteto, referindo-se à cobertura ondulada. Duas passarelas suspensas, de estrutura translúcida, vão permitir a travessia entre os prédios, distantes dez metros um do outro.

Além da cobertura e das rampas, um teleférico vai conectar o MAR ao Morro da Conceição, enclave colonial no centro do Rio. A estação ficará no terraço do prédio modernista (o da esquerda), onde haverá uma praça. As visitas ao MAR vão começar de lá. Não será possível ter acesso ao palacete ao lado, onde ficarão concentradas as exposições, do térreo.

"A praça suspensa será um lugar de desfrute, terá um café-bar. O fluxo de cima para baixo passou a ser determinante em função do teleférico", explica o arquiteto. "Procuramos não fazer da arquitetura a vedete, mas uma vitrine viva, para que as pessoas apareçam. Por isso as passarelas e varandas translúcidas. Espero que aquilo fique cheio de gente."

Em função do grande pé-direito e do vão livre, o palacete neoclássico vai abrigar uma exposição permanente sobre a história da cidade nos dois últimos andares. Os dois primeiros vão receber mostras temporárias. A proposta do curador do MAR, Leonel Kaz, é utilizar acervos públicos e, principalmente, privados. "Existem acervos raros em importantes coleções de arte que merecem se tornar conhecidos do grande público", aponta Kaz.

No prédio modernista, da década de 1940, que já abrigou estruturas da Polícia Civil e é interligado a um antigo terminal rodoviário, será instalada a Escola do Olhar, um lugar de "aprendizado, produção e provocação". Essa ala também receberá salas de exposição multimídia e áreas de administração.

Com a retirada de apliques de fechamento das fachadas, a estrutura modernista de colunas recuadas se tornará visível. Trechos dos pavimentos ficarão abertos, o que permitirá a circulação por varandas com ventilação e iluminação natural. A área dos pilotis de 7 metros de altura, no térreo, hoje usada como acesso para o terminal, será transformada em um grande foyer do complexo, com jardins e auditório para 220 pessoas.

O público subirá de elevador para a praça suspensa, que ficaria aberta à noite, após o fechamento do museu. Uma das atividades previstas é a projeção de imagens na cobertura ondulada, que seria transformada em uma grande tela horizontal.

Jacobsen pretende que o museu funcione como "escada" para o morro, e vice-versa. "A ideia é que haja um posto avançado lá em cima. As pessoas do museu também vão visitar o Morro da Conceição", diz. "Acho que a revitalização da zona portuária passa pela humanização de áreas degradadas como a Praça Mauá. Mas ações isoladas não funcionam. O museu tem um papel nessa valorização, e a ligação com o morro é muito importante."

Abandonado há décadas, o palacete de 1916 abrigou o Departamento Nacional de Portos, Rios e Canais. Foi cedido à prefeitura pelo governo federal no ano passado, após imbróglio judicial. Depois de eleito, o prefeito Eduardo Paes chegou a cogitar a transferência da sede da administração para o prédio, tombado em 2000, mas mudou de ideia. O plano seguinte foi instalar ali a Pinacoteca do Rio, que virou Museu de Arte do Rio.

O projeto do MAR será anunciado nesta terça-feira, 1º, - a previsão de custo é de R$ 43 milhões. Trata-se de iniciativa da prefeitura e da Fundação Roberto Marinho, responsável pelos museus do Futebol e da Língua Portuguesa, em São Paulo.

Fonte. Estadão

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